Entrevista com a escritora Renata Bomfim

08/07/2023

Essa entrevista, foi realizada com a autora Renata Bomfim, sobre os temas que a ela busca abordar em suas obras e também, em como ela enxerga o mercado literário no estado do Espirito Santo.

1) Sendo você uma poeta, mulher e ativista social, quais foram suas inspirações antes e quais são suas inspirações literárias atualmente?

Os meus interesses são variados, o que acaba refletindo nas leituras. No campo literário eu tenho uma relação próxima com alguns escritores, tanto que fiz deles objetos de pesquisa, ensaios, artigos. Na adolescência eu tive o primeiro contato com a poesia portuguesa, quando encontrei alguns poemas de Florbela Espanca (1894-1930) numa revista. Quando terminei a graduação em Artes, na UFES, eu já sabia que o meu doutorado seria no centro de letras e pesquisando Florbela Espanca. Pesquiso Florbela desde 2006 e ela é a minha maior inspiração! Da literatura portuguesa eu destaco, ainda, Fernando Pessoa, Sophia de Mello Breyner Andresen, Maria Teresa Horta, entre outros e outras, No Brasil, eu curto ler a obra de Guimarães Rosa, Thiago de Mello, Rubén Braga, entre outros(as). Depois de Florbela, outra grande inspiração é Rubén Darío, poeta Nicaraguense que pesquisei no doutorado. Na condição de escritora, percebo a minha escrita muito marcada, ainda, pela poesia de Hilda Hilst, Maria Lúcia Dal Farra, Carmélia Maria de Sousa, leio também vários poetas latino-americanos como Osvaldo Sauma, Francisco de Asís Fernandes Arellano, Rey Berroa, Silvia Siller, entre outros(as).

2) Considerando todo o contexto social atual no estado do Espírito Santo, como você considera a sua atuação no mercado literário, mas também do mercado para com os novos escritores capixabas?

A minha atuação no mercado literário é quase insignificante. Quando falo em mercado me refiro a cadeia de produção e circulação de obras, e não de cenário cultural, neste acredito que a minha atuação é bastante efetiva.

Eu sou uma escritora independente, o meu último livro foi uma "edição da autora", mesmo que tenha sido selecionado no edital da Secult, não foi para uma prateleira de livraria. Eu vendi bastante na época do lançamento, continuo vendendo diretamente para o comprador, mas mesmo assim, ainda tenho 6 caixas fechadas. Enfim, o trabalho é árduo para fazer a obra circular e isso acontece de forma independente, fora desse "mercado formal", condão que toca a poucos(as). Acredito que o mercado, com algumas exceções, trata os escritores de forma parecida, sem muita atenção. Digo tudo isso com muita leveza, acredito que já foi pior, pouquíssimos eram conhecidos, a internet abriu espaço para as pessoas e eu uso esse espaço e muitos escritores capixabas também, mas todo esse processo ainda é feito à margem e com o esforço do escritor.


3) Encarando todas as situações dos últimos três anos para não apenas o estado, mas também para todo o mundo, qual seriam seus novos projetos literários? E como a escrita te ajudou a passar por todas essas situações?

Eu li bastante durante a pandemia, escrevi pouco, bordei muito, era como se as linhas me segurassem para não cair no abismo. A escrita foi voltando com mais força há um ano e as leituras e experiências do período mais complicado da pandemia acabaram dando forma ao livro "A revolução dos colibris", no prelo. 

A literatura faz parte da minha vida profissional como educadora ambiental. Sou criadora e gestora de uma Reserva Ambiental e hoje presido um instituto e esses trabalhos têm tomado toda a minha atenção nos últimos anos. A escrita é mais que uma ajuda, faz parte da minha vida, é parte de quem sou, não imagino a minha vida sem essa possibilidade de diálogo com a folha em branco e com os meus queridos poetas, especialmente os mortos.


4) Por último, como você lida com o seu público, visando o contexto das redes sociais? E o seu olhar, em como a internet pode ajudar, ou não, autores novos no mercado literário?

Eu acho muito legal quando fico sabendo que tem uma escola estudando a minha poesia, quando me convidam para ir a algum lugar ler poemas, e geralmente não leio apenas poemas meus. Eu recebo e-mails de pessoas que dizem que ficaram tocadas com a minha escrita, mas tenho em mente que sou alguém que possui um público grande, formado. Com relação a essas pessoas, trato com muito carinho, são especiais para mim. No Letra e fel, meu blog literário que completou 17 anos, eu publico textos de muitos(as) escritores(as), do Brasil e do exterior, e lá diálogo com essas pessoas, geralmente são escritores e professores.


Entrevista realizada em, 11 de Junho de 2023.




Galeria de fotos

Crie seu site grátis! Este site foi criado com Webnode. Crie um grátis para você também! Comece agora