Crítica sobre o livro “Ponto Cruz” da autora Andressa Zoi
![](https://a1802e15e6.cbaul-cdnwnd.com/a6d3eefd8c04f3c3fd192e87a26b5060/200000214-0568105684/IMG_1895.jpeg?ph=a1802e15e6)
Sua Biografia
Possui graduação em :
Comunicação Social/ Jornalismo pela Universidade Vila Velha (2006), graduação em Direito pela Universidade Vila Velha (2003), graduação em Bacharelado em Música/ hábil. Piano pela Faculdade de Música do Espírito Santo (2004), mestrado em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (2009) e doutorado em Letras pela Universidade Federal do Espírito Santo (2014). Atualmente é professora da Universidade Federal do Espírito Santo. Tem experiência na área de Letras, sobremaneira nas áreas de Estudos culturais e Literatura Comparada. Filha de imigrantes gregos, desde pequena sempre teve apreço pela leitura, através de sua mãe que lia constantemente para ela. Seus escritos são meramente fictícios, com personagens inspirados em pessoas reais e fatos verídicos.
Crítica sobre o livro "Ponto Cruz”
Sinopse- resumo
"A vida é como um bordado. Ponto por ponto, tecemos histórias e identificamos nosso destino. Nesta obra, você conhecerá a trajetória da personagem- narradora, Heloísa: uma artesã já idosa, que, desde muito cedo, aprendeu a bordar. Dentre os bordados que sabe fazer, o ponto cruz é aquele por que tem predileção. A certa altura da vida, diante da iniciativa de terminar uma toalha ("a toalha das rosas"), Heloísa se lança em um encontro com as próprias memórias, algo que revela motivos e consequências face ao que compreende ser sua realidade."
Pontos positivos da obra:
Ao analisarmos a obra supracitada, encontramos diversos temas muito presentes em nossa atualidade e que abrange de forma muito sútil cada detalhe. Os temas sociais que também permeiam a obra, corrobora para aproximação do leitor com as histórias contadas pela protagonista e a quem ela dedica cada rosa bordado.
Dentro os temas analisados, é abordado o divórcio, a homossexualidade, doenças, drogas, assassinatos dentre outros. A autora usa uma linguagem simplista, sem uso de muitos termos formais, a qual facilita a leitura e compreensão.
Também, evidencia a diferença de como é superado o luto feminino e masculino, pois a personagem no início quando sua prima faleceu e sua tia suicidou-se, a protagonista concordou que o seu tio seguisse em frente após o luto. Já com ela foi extremamente diferente, pois ela diz que "o luto não se supera, apenas aprendemos a conviver com ele".
No entanto, após passar por todas humilhações e obrigada a ser omissa muitas vezes no antigo casamento, a personagem não desiste do amor e casa-se novamente, morando cada um em suas casas, Viveram casados por 23 felizes anos. Heloísa foi um exemplo de que no amor, precisamos nos permitir amar de novo.
Pontos negativos da obra:
Concluímos que, aparentemente, a escrita da obra é voltada para o universo feminino, apesar da autora não definir o público alvo. Os temas envolvem considerar os interesses, preocupações e a linguagem que ressoa com essa audiência.
Histórias que abordam experiências pessoais e sentimentos com as quais muitas mulheres podem se identificar têm grande impacto. Exemplos que incluem temas de autoconfiança, superação do luto feminino, relações interpessoais, desafios no ambiente conjugal. Contudo, a ausência do amor próprio e autoconfiança na personagem causam estranhamento e ainda sim não há características específicas da protagonista.
Entrevista com a Andressa
Qual é a sua obra escrita que você tem mais apreço?
"Eu sempre gosto mais da última obra, né? É sempre a queridinha. Eu tô pra lançar um livro de crônicas,que já tá em fase de revisão final, no dia 10 de setembro. Então, atualmente eu digo que ela é a obra pela qual eu tenho mais apreço."
Houve algum momento na qual você teve um grande hiatus na criação literária? Como foi?
"Não, na verdade, assim, eu sempre escrevi. Às vezes demora muito para tornar isso público, mas a literatura acaba acompanhando a gente como um hábito mesmo. Você escreve e aí deixa o texto quietinho lá, um dia ele vai para o mundo, ganha o mundo, ganha um livro, né? Então acho que eu nunca tive um grande ato, não. A criação, ela tá sempre presente, sabe?"
Como foi o processo da produção da personagem Heloísa na obra " Ponto Cruz"? Houve alguma inspiração em outra pessoa?
"A minha mãe bordava muito, gostava muito de ponto cruz, e havia na mesa da cozinha da minha casa uma toalha que ficava coberta por um plástico transparente, ela bordou uma toalha pra essa mesa e essa toalha tinha rosas, motivos de rosas diferentes e com cores diferentes e um belo dia eu sentei pra tomar café, eu sempre tomava café ali antes de sair pra dar aula, dava aula em Vila Velha um dia eu sentei ali tomando café e pensei, vou escrever um livro com base nessa toalha e aí fiquei pensando e pensei nas mulheres da geração da minha mãe. Minha mãe casou com 15 anos em 1960 e aí eu pude conviver com algumas amigas dela convivia com a minha mãe também e de certa forma essa personagem é uma mescla de todas elas, de todas essas mulheres dessa geração que se casaram muito jovens tiveram uma vida para a família. Dentro de um sistema patriarcal pesado, então mulheres submissas e que sofreram muito, essa personagem eu diria que seria uma mescla dessas mulheres todas."
Há personagens em seus livros que têm semelhanças com você ou pessoas que você conhece?
"Então, o livro Ponto Cruz, ele tem personagens inspirados em algumas pessoas que eu conheci durante a minha vida, há personagens também totalmente fictícias, mas há outros que guardam alguma semelhança com o meu caminho, o livro de crônicas agora, de certa forma, é uma homenagem a muitas pessoas que considero importantes na minha vida, então tem um texto chamado "Jardim da minha mãe", que eu fiz em homenagem a ela, tem um texto em que eu conto como foi a minha amizade com a minha primeira professora de ano, tem um texto que eu falo sobre Denise e Lea, que são duas grandes amigas, que gostavam de cantar no karaokê, então esses textos, essas crônicas, são sempre dedicadas a algum amigo, alguma pessoa importante que passou pela minha vida, e falam também algumas delas falam sobre mim,mas no ponto cruz não, e no Zoí, que é o livro de poemas, também não, mas de certa forma, assim, eu acho que o escritor não, ele não cria do nada, ele cria a partir da sua vivência, dos encontros que ele estabelece, das pessoas que ele conhece. Eu acho que a vida tá muito dentro do texto e assim as obras vão se constituindo, vão sendo criadas."
Existe algum lugar especial que você gosta de estar para os pensamentos fluírem?
"Olha, eu gosto muito da natureza, o verde de certa forma me acalma e acho que me inspira também a escrever, mas nem sempre é possível ter esse verde, eu considero que o silêncio é fundamental para essa produção, para que ela aconteça. Então assim, hoje eu moro sozinha, é mais tranquilo de administrar isso, quando eu morava com a minha mãe, com um pouquinho mais de gente na casa, eu me lembro que eu gostava de escrever sempre de madrugada, no meu quarto de madrugada, porque era mais silencioso e ninguém me interrompia. Mas agora eu acho que essa coisa de morar sozinho, eu não tenho muito nem essa questão. Questão do espaço físico preferido e nem essa questão do horário, como eu te falei assim uma preferência por um jardim, por uma varanda, um lugar em que eu possa ter plantas e a natureza próxima, quando é possível, mas quando não é possível só o silêncio já resolve."